Uma plataforma sobre o artesanato tradicional e as suas reinterpretações

 

Uma aplicação prática da dissertação “Olhares Criativos: Uma investigação sobre a inovação no artesanato tradicional no contexto das Indústrias Criativas”, produzida por Ana Vasco, no Mestrado de Comunicação e Gestão de Indústrias Criativas

Flup – Universidade do Porto

Junco de Forjães

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Junco de Forjães

as coloridas redes de colaboração e arte

O trabalho com o junco de Forjães é comunitário, envolve diversas mãos preparadas para a colheita, corpos dispostos para o tear, vozes habilidosas para a negociação. Esta tradição artesanal, com raízes no século XIX, é um símbolo de identidade cultural da Vila de Forjães, concelho de Esposende, onde a colheita do junco nos estuários dos rios Lima, Âncora, Coura e Cávado, e a sua transformação em cestas e esteiras, são um verdadeiro testemunho de cooperação e habilidade.

O processo começa com o corte do junco marítimo, sob o sol do verão, num evento social que reúne famílias e trabalhadores contratados para garantir a matéria-prima necessária. O junco de águas salgadas, com caule cilíndrico e robusto, distingue-se do junco de águas doces pela sua durabilidade e resistência, sendo ideal para a produção de artefactos artesanais.

Após o corte, segue-se um processo meticuloso de secagem ao sol, enxoframento para branqueamento e preservação, e tingimento com anilinas, que confere cores vibrantes ao junco. Pronto para a tecelagem, ele é entrelaçado com fios de juta, criando tiras que posteriormente são transformadas em cestas e esteiras. A técnica de tecelagem inclui o urdir do tear, a inserção da trama de junco e a criação de padrões geométricos e florais, que são a marca distintiva do artesanato de Forjães.

A história do artesanato em Forjães remonta à “Villa Froganis”, uma terra fértil onde a agricultura era a base da subsistência. Nas horas livres, as famílias dos trabalhadores desenvolviam atividades artesanais, principalmente com madeiras e têxteis, para complementar a renda. No século XIX, a chegada de um imigrante de Ovar trouxe a novidade do junco e difundiu a técnica na região. Esta produção artesanal ganhou grande relevância, envolvendo diversas famílias e tornando o ofício de esteireiro ainda mais reconhecido no norte do país.

Apesar dos desafios trazidos pela industrialização e emigração na segunda metade do século XX, que quase levaram à extinção da atividade, a tradição foi revitalizada devido ao renovado interesse pelo artesanato sustentável. Diversas iniciativas locais de formação e promoção resgataram a importância desta produção, resultando na certificação da arte do junco de Forjães em 2021. Hoje, a tradição preserva uma herança cultural valiosa e inspira novas gerações a apreciar e a continuar esse legado de cooperação e criatividade.

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A artesã que produz peças de Junco de Forjães certificadas

Isa Joana Silva - 961788224

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