Bordados de Castelo Branco
poesia em seda e linho
Em Castelo Branco, o bordado a fios de seda natural sobre o linho, com desenhos, cores e métodos próprios, transforma-se em autênticas obras de arte carregadas de história e dedicação. Este artesanato minucioso, que utiliza cerca de 50 pontos diferentes, é uma das produções manuais portuguesas mais caras e que mais exigem tempo e dedicação de quem as produz.
Com uma agulha, um dedal, uma tesoura, o linho estendido num bastidor, muita atenção aos desenhos e horas de trabalho sem fim, as bordadeiras de Castelo Branco criam produtos únicos e refinados, onde as linhas nunca se sobrepõem. As peças são marcadas por motivos simbólicos, como a árvore da vida, os corações, as aves, as plantas, como cravos ou peónias, e as frutas, como as romãs ou os figos, dispostos em padrões harmoniosos e esteticamente agradáveis. Nas colchas, a diversidade e a beleza dos motivos, bem como a qualidade das barras, sempre foram fundamentais na definição dos preços, que, atualmente, podem ultrapassar os 20 mil euros.
Com raízes profundas na Beira Baixa, esta arte remonta aos séculos XVII e XVIII. Ganhou notoriedade em 1891, quando o rei D. Carlos e a rainha D. Amélia visitaram a cidade e foram recebidos num palácio adornado com colchas bordadas. Rapidamente, os produtos que encantaram a rainha ganharam grande reconhecimento.
Ao longo dos anos, a produção industrial de têxteis mais baratos e a preferência por outros estilos de decoração provocaram uma diminuição das encomendas. Além da baixa procura pelas peças, a complexidade e o tempo necessário para produzir uma colcha bordada à mão fizeram com que muitas bordadeiras procurassem outras formas de rendimento.
Durante o século XX, várias iniciativas tentaram revitalizar esta tradição, incluindo a criação de escolas de bordado e oficinas que produziram peças para mercados nacionais e internacionais, além da realização de 26 exposições. Assim, a tradição sobreviveu. Desde 2016, foram realizados concursos e workshops para estimular estudantes de design de moda a desenvolver peças inovadoras com esta arte. Em 2017, o bordado foi certificado e foi criado o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco. Em 2023, Castelo Branco passou a integrar a Rede de Cidades Criativas da UNESCO, na categoria artesanato e artes populares, com o bordado albicastrense.
Hoje, o bordado de Castelo Branco adorna painéis, lenços, carteiras e roupas variadas, além de estar presente em símbolos arquitetónicos da cidade e em objetos de decoração. Com versatilidade e inovação, esta arte continua a estender-se a novas formas de expressão, o que garante a sua relevância para o cenário artístico e cultural contemporâneo.