Uma plataforma sobre o artesanato tradicional e as suas reinterpretações

 

Uma aplicação prática da dissertação “Olhares Criativos: Uma investigação sobre a inovação no artesanato tradicional no contexto das Indústrias Criativas”, produzida por Ana Vasco, no Mestrado de Comunicação e Gestão de Indústrias Criativas

Flup – Universidade do Porto

Bordados de Castelo Branco

_ Castelo Branco

Bordados de Castelo Branco

poesia em seda e linho

Em Castelo Branco, o bordado a fios de seda natural sobre o linho, com desenhos, cores e métodos próprios, transforma-se em autênticas obras de arte carregadas de história e dedicação. Este artesanato minucioso, que utiliza cerca de 50 pontos diferentes, é uma das produções manuais portuguesas mais caras e que mais exigem tempo e dedicação de quem as produz.

Com uma agulha, um dedal, uma tesoura, o linho estendido num bastidor, muita atenção aos desenhos e horas de trabalho sem fim, as bordadeiras de Castelo Branco criam produtos únicos e refinados, onde as linhas nunca se sobrepõem. As peças são marcadas por motivos simbólicos, como a árvore da vida, os corações, as aves, as plantas, como cravos ou peónias, e as frutas, como as romãs ou os figos, dispostos em padrões harmoniosos e esteticamente agradáveis. Nas colchas, a diversidade e a beleza dos motivos, bem como a qualidade das barras, sempre foram fundamentais na definição dos preços, que, atualmente, podem ultrapassar os 20 mil euros.

Colcha exposta no Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco
Produção de uma colcha no Centro de Interpretação do Bordado - Foto: Ana Vasco

Com raízes profundas na Beira Baixa, esta arte remonta aos séculos XVII e XVIII. Ganhou notoriedade em 1891, quando o rei D. Carlos e a rainha D. Amélia visitaram a cidade e foram recebidos num palácio adornado com colchas bordadas. Rapidamente, os produtos que encantaram a rainha ganharam grande reconhecimento.
Ao longo dos anos, a produção industrial de têxteis mais baratos e a preferência por outros estilos de decoração provocaram uma diminuição das encomendas. Além da baixa procura pelas peças, a complexidade e o tempo necessário para produzir uma colcha bordada à mão fizeram com que muitas bordadeiras procurassem outras formas de rendimento.

Durante o século XX, várias iniciativas tentaram revitalizar esta tradição, incluindo a criação de escolas de bordado e oficinas que produziram peças para mercados nacionais e internacionais, além da realização de 26 exposições. Assim, a tradição sobreviveu. Desde 2016, foram realizados concursos e workshops para estimular estudantes de design de moda a desenvolver peças inovadoras com esta arte. Em 2017, o bordado foi certificado e foi criado o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco. Em 2023, Castelo Branco passou a integrar a Rede de Cidades Criativas da UNESCO, na categoria artesanato e artes populares, com o bordado albicastrense.

Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco - Fotos: Ana Vasco

Hoje, o bordado de Castelo Branco adorna painéis, lenços, carteiras e roupas variadas, além de estar presente em símbolos arquitetónicos da cidade e em objetos de decoração. Com versatilidade e inovação, esta arte continua a estender-se a novas formas de expressão, o que garante a sua relevância para o cenário artístico e cultural contemporâneo.

Prédios decorados com os bordados de Castelo Branco - Foto: Ana Vasco
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As artesãs que fazem Bordado de Castelo Branco certificado

ALBIJEC – 272 323402

Augusta Gonçalves - 961207971

Madalena Novo - 965862215

Manuela Goulão - 927112108

Maria Alice Gordino – 964473570

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